O prazer e o desprazer de ser ...



Quando comecei a perceber que as coisas acontecem de maneira diferente comigo e de que a minha maneira de sentir é diferente, descobri quem realmente sou. Hoje, ainda não sei tudo sobre mim, pois, na verdade, quem é que sabe tudo sobre sí mesmo ? Mas, sabe, uma coisa é certa: hoje eu conheço bem a felicidade e a infelicidade de ser sensível. Digo, sensível demais.

Num mundo em que a superficialidade tomou conta de tudo, os extremamente sensíveis, onde me incluo, ficaram um pouco sem lar, sem rumo. Meio ou totalmente perdidos, entende? O "bom dia" é dito da boca pra fora, o olhar sobre o outro, quase sempre, é sujo, as risadas são resumidas em "kkkkk", que, muitas vezes, são escritas só para não deixar no famoso vácuo. É, hoje, são raros que estão dispostos a escutar, a conversar só por conversar, só pra ser ombro amigo de verdade, ser amigo sem interesses. Generalizando funciona assim: interesse - conversa, desinteresse - vácuo. Sinceramente, me envergonho muito com isso.

Os extremamente sensíveis sofrem por amar demais, por chorar demais, por pensar demais, por dar importância a cada palavra que escuta, mesmo que seja uma brincadeira. Pessoas sensíveis demais são criticadas como dramáticas, como sonhadoras, como tudo que não é normal nos dias de hoje. E concordo, sensibilidade assim está para poucos e, senso assim , é anormal mesmo.

Será mesmo que a gente erra em amar demais, em se empenhar tanto para fazer quem ama feliz, em chorar de felicidade ou de tristeza por causa de algo simples, em dar importância a tudo que escuta, em querer fazer com que sempre esteja tudo bem e que todas as fases, mesmo que difíceis, haja sempre alegria e a empolgação pelo que se faz, pelo o que se tem? São tantas interrogações postas em lugares que não deveriam estar.

Infelizmente, como uma boa extremamente sensível, sou obrigada a ter esses momentos infelizes de reflexão, por conta de um mundo superficial que prega o desapego, ao invés de pregar o amor verdadeiro e não passageiro, pregar relações duradouras, porque nada disso soa dependência, mas de tanto falarem, esse mundo de relações e opiniões superficiais acabam absorvendo e entrando na marcha.

Mas, sabe, novamente digo, como uma boa extremamente sensível, quero dizer, além de tudo que já falei, principalmente, que ser sensível tem lá suas desvantagens, pois como já disse, o universo está escasso de sensibilidade, mas as vantagens de ser assim , profunda por inteiro, cobre toda a dor que esse mundo (me) causa. Porque ser assim, é ser humano de verdade. 
E não tem nada melhor que isso.